segunda-feira, março 08, 2010

Remorsos e outras leis

Tenho a alma talhada em finos cortes de um certo sabor… A mágoa e outras más sortes pintam o íntimo com o que houver de mais irritante e retiram da delicadeza qualquer fulgor como se já não houvessem promessas a cumprir e todas as noites tivessem névoas e outros desastres a sorrir.
Já não ardo no seu recanto e cismo ser a quietude abatida que, outrora, já foi, por outros nomes, tão querida mas, agora, é um passo parado à espreita de um empurrão.
Se alguém já conheceu o meu sorriso, sabe agora que este é falso pois não há bela virtude na alma e todas as flores que me cobriam os sonhos são restos, estão secas, inevitavelmente murchas pelo estropiar do que era terno calor. A discórdia sendo um minuto congelado, uma lágrima de um triste passado, o Verão com um toque a Morte…
A minha esperança se foi e, com ela, toda a delicadeza de um apaixonado, ficando o ócio do desanimado, o pranto de quem seduz o acaso com preguiça e comiseração.
Maldita a hora em que dei o meu coração!!!
A plenitude ébria que pinta gritos na minha memória é a vertente mais irrisória de quem quis feitiços e acabou com maldições. Pois… antes pensava que era somente “ser”, o Verbo e seus tesouros iria ter e algo mais do que indelicadas fantasias seria encanto onde me recolher.
Neste momento, conheço mais do que a beleza desfalecida onde cair… A Vida e todas as verdades sabem muito bem como me deixar de rastos e o mundo é o palco mais cinzento que a Morte sabe morder. E eu mordo o vazio pois já não tenho forças para outra coisa fazer…
A paga de tantos anos a beber da mesma loucura são as entranhas de uma fétida imponência qual pesadelo inconsciente que me deixa embriagado, os espasmos de dor de quem já não tem asas e padece de tudo o que é sinistro, de toda a luz afogada, estropiada pelo cansaço de tanta espera, de tanta ansiedade, de tanta miséria…
De tamanha imundície já estou farto!!!
Abandonado, caminho pela noite insegura, deixando, com cada passo, a inocência que antes me abrigava. Sou, finalmente, uma espécie de fantasma que não tem casa nem futuro onde viver e apenas as cinzas de outras eras guarda.
De tanto amar, tornei-me poeta sem cuidado, triste e adulterado pelo espectro de tantos males que preenchem a alma de quem só quis sorrir.
Cabisbaixo, paralisado perante o vale das minhas recordações, peço a quem me desejar bem:
“Rasguem-me o coração de uma vez por todas pois fartam-me as lágrimas, os gritos, os soluços desesperados que a alma asfixiam!!!”
E espero…
E lamento…
E durmo…
O silêncio e outras coisas podres já não me fazem ouvir e o meu nome estará sempre mais além…

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