segunda-feira, março 08, 2010

Errantes...

Rasgam rios de passos descoloridos onde trovejam os anjos há muito caídos e o vazio lacrimeja de tanto rir... Nas desalinhadas margens, cruza-se o orgulho e o luto como se um fosse vivo e o outro filho de um qualquer esgoto que não sabe sonhar, antes a podridão de outros chorar, e a incerteza do belo que é dia despir...
Ao cair da treva que a Lua conhece, soluça o coração já ébrio, treme a mão que o espelho toca e torna sinistro o mais estranho mistério... Sim! Sou eu quem colhe a claustrofobia das noites pequenas, a bofetada que rasga a carne desamparada e a perturbação que a imagem rege...
Como singelo penhor das coisas sublimes, tenho frases em louvor e outras que envergonha o rancor como se da montanha ao vale apenas fosse preciso um grito, uma exclamação pelos braços caídos, uma pérola desfocada pela cegueira de túmulos que os desertos tanto guardam...
Trocando passos e palavras, atritos e suspiros, ainda há luz no órgão pelo qual o Sol está enamorado e o hábito já não carrega as dores de outras feridas, antes se aventura e desfalece...
Das feridas que os gritos sabem tão bem criar, vêm demónios e outros loucos que obrigam as árvores a se despir da esperança. Afinal, quem manda à noite tem odes e outras falas que mordem os que querem lamentar, pois quem se esquece que é mortal, depressa saberá que não são os segredos que fazem os mistérios mas as mortes que são esquecidas.
As máscaras de bel – prazer, às quais correspondiam o incerto e o maldizer, confessaram ter a podridão como companhia, fazendo com que paisagens já em saudades desfeitas, tivessem o penhor da mortalidade. Sim, essa tão insana verdade!!!
Os suspiros que a intimidade provoca são prazeres imaculados pois têm tudo o que está perto e em lugar algum, uma sensual perturbação que refere a carne comendo o espírito. Quando sós, envolvem o silêncio em sangue, a inocência num estranho calor…
É o despir de uma queda que rasga os tormentos e procura na garganta o murmurejar de sonhadores onde vêm vis e pecadores cortejar o ventre das que eram virgens e das que não tinham amores.
Por ser de uma realeza sem igual, tépida, divina e até desigual, a vontade foi deixada ao largo como dança espectral de corpos sem caminho… e o agreste destino? O agreste destino foi sacudir a prova da incerta palidez e ver, de uma só vez, o que é fulgurante e majestoso ruir… deixando os demónios a rir!!!

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