sábado, março 13, 2010

Morpheus,

Era já meia-noite mal dormida no reino de Morfeu enlouquecido,
que pintava com cores garridas, pesadelos de amor ferido.
Tomado pelo som agreste de tempestades incríveis, quis ruínas edificar,
imortalizado no pó de tristes mendigas que a Lua pareciam acobertar.

Possuído pela tentação, os seus olhos teciam a dolência da indiferença
ao vaguear na escravidão de conversas mortas por piedosa descrença.
Cantava saudades da glória, virtudes sem nexo envolvidas por gargalhadas,
o torpor de quem jaz sem paixão e tem olhos já mortos, a alma estraçalhada.

A voz de escurecidas lágrimas formavam caminhos onde o desolado adormeceu,
suspirando solidão, carente de fervorosa atenção, atordoado pelo que a esperança não prometeu…
Enlouquecido perante a dor, tomado por pecados, tragicamente abandonado,
preferia o esquecimento acolher do que viver nos pântanos do desprezado.

Os gritos que o horizonte soprava, quimeras de destruição, odes ao desdém
que despreocupadamente ao desolado amargurava com a sinfonia de se ser ninguém.
De todas as páginas que o Universo mostrou possuir, nenhuma o fazia viver
pois, com o coração torturado, só e desprezado, Morfeu enlouquecido desejava morrer.

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