quarta-feira, março 03, 2010

Ao suspirar de uma doce loucura

Com os meus dedos, escrevo a minha alma que segue os contornos deste coração apaixonado e vê maior beleza em ti anunciada do que todas as primaveras que tenham banhado o mundo.
Talvez soubesses… a paisagem que me sorria era aquela onde éramos livres de nostalgia e corríamos livremente pelos céus e prados de anjos e fadas, onde o sofrimento era já uma outra realidade e agraciavas a Natureza com a tua sublime luz. O nosso amor e toda a magia que reluz…
Embora mal pensasse nesse momento, cedo vieram as palavras que arrepiaram o meu ser. Após dias de atropelos e fôlegos arrependidos soube que era já tempo de dizer ao universo o que a dor de te ter longe me fazia…
Vestia os olhos de saudades, o Presente, preso às memórias desgarradas, sabendo que os sonhos não tinham a cor de outrora. Faziam-me falta as horas ao teu lado e a minha carne parecia pedra disposta num vazio sem sentido, o nevoeiro e as folhas bailando ao som de um vento de toda a serenidade despido.
A fragrância da harmonia já não residia na minha alma nem os meus murmúrios tinham a alegria dos teus lábios. Sozinho, e apenas por ti seduzido, contava os segundos até me aproximar da tua carne, o coração latejando de nervosismo enquanto não tivesse a tua beleza a me acariciar.
Vertendo horas mal dormidas e outras tantas pelo desencanto vencidas, apenas conseguia sorrir quando te abraçava e ouvia a cândida melodia da tua voz. Na minha vigilante ansiedade, sonhava com as palavras em que vagueavas por uma nova coragem, a confiança iluminada pintando os segundos com o verde da esperança.
Os teus olhos foram sempre as jóias que fascinavam os meus, as carícias sendo a fagulha imponente que latejavam as moléculas da minha pálida mortalidade e que bebiam felicidade com cada toque sem pudor. A simplicidade e as malignas horas nocturnas não condiziam com os suspiros que a alma soltava quando entristecida pela solidão. Talvez houvesse calor no abismo se não te tivesse como serena riqueza piscando os olhos à minha fraqueza para soltar sorrisos a tudo o que era alegre.
Ao teu lado, ma belle, não existe torpor nem a glória é vã sensibilidade que se espalha pelos céus tais nuvens esvoaçando em pálido rumo e sem calor. As horas sempre foram de cinzas enquanto não nos encontramos… enquanto os meus olhos não tinham a tua cor.
Quem me dera deixar de pensar que poderei perder-te e que a Vida será miséria até ao fim, ter a intemporal carícia da felicidade quando os nossos lábios juntos dormissem e esquecer a frágil pétala caída que espreita dentro de mim.
Ao teu lado, é o amor que ditará as batalhas conquistadas e saciará a alma a ser maior, a não ter horizonte a definir, a ser o feitiço que destila o veneno e aproxima o desejo da sedução, a eternidade da mais terna loucura e, por sermos Um, fará, de qualquer momento, palco para este nosso radiante coração.

2 comentários:

Daisy Libório disse...

Mais que palavras de uma dor sensualizada (ou de uma sensualidade dolorosa), vertem imagens múltiplas e bem definidas do que muitos não vivem, nunca viverão... e por mais que doam, teimamos em viver...

Lindíssimo!

Daisy Libório disse...

(...) o mais lindo desta sequência...

bjs