Recusei-me a viver…
Despi-me dessa ingrata escuridão
que em dor pronunciava terror e desamparo.
Teci as já gastas melodias de abutres enraivecidos
cujos toques,
torpes,
doentios
e feridos,
ecoavam na minha alma como luz
em meio às sombras da podridão…
Recusei-me a viver…
Caminhei desabrigado, vulto funesto das cinzas
que sopravam por tão desolada aventura.
Cobri-me em gestos,
de orvalho,
de trovões
e lágrimas,
à espreita do vento dos arrependidos,
aqueles que, por séculos,
pronunciaram odes aos caídos
enquanto eu, incapacitado pela memória,
apenas consigo proferir:
“Estou morto… Faço agora parte da História!”
1 comentário:
No recuso do que somos, viramos pó...
Lindíssimo!
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