quinta-feira, fevereiro 16, 2012

III – Tempestade

Escrevo-te num papel manchado pelo vinho, inquieto pela sofreguidão da ebriedade, conquistado por palavras que roçam espinhos, que deixam traços de luxúria e mistério na alma. Os pensamentos laterais correm ali ao lado, têm os cintos apertados, a luminosidade invertida, as bordas estropiadas e um olhar sem remédio. Aqui, onde estou, é tudo directo, até a flecha que me trespassa o coração, que me pede para deixar um mundo adoentado, que me ensina a ser teu. Sim, sou um tanto avariado! Tenho poesia como um pranto enlouquecido, o meu coração toca melodias envergonhadas, aqueles cenários de mistérios prometidos ao futuro mas é hoje que te desejo, é hoje que não quero que vás! Aturdido, deixo o papel voar arrepiado e tremeluzente, como sentinela de um episódio delirante. Tem as nódoas de um ontem em que a fartura se acostumou a rir. E eu… Encantado, contemplativo e cheio de versos arrepiados pela sedução, hesito em divagar ainda mais sobre a minha loucura. Afinal, a harmonia é demasiado nobre para ser incomodada, e tu… Serás sempre parte da minha frutuosa devoção. Jorge Ribeiro de Castro Declamado pela 1ª vez a 16/02/12 na sala de exposição dos "Mad Space Invaders" no IVBAM

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