"Soube antes escrever o que o céu desenha, os traços escorrendo pela tinta como fragmentos de um pincel desnivelado, as formas divagando sobre a natureza que os teus olhos transmitem mesmo a vários quilómetros da minha realidade. Embebido em leves nuances de paixão e alegria, vagueava pelos vales onde a tua alma brilhava, respirando os tons de névoa que faziam-me tremer, tais devaneios de outras noites que só eu e tu conhecíamos.
Éramos encanto e toda a luz reaparecia com a palavra entoada, o medo sacudindo as asas e conhecendo o abismo que nunca quisemos que fosse a nossa casa. Existiam doces sorrisos que revestiam as paredes do nosso lar com a esperança e a liberdade, embora soubéssemos que era preciso mais do que o amor para viver.
- Amanhã… Seremos felizes? – perguntaste, as faces coradas, a cabeça baixa, as mãos tocando os joelhos.
- Vivemos hoje. Amanhã também será um “hoje”, pois a nossa felicidade é maior do que o medo – respondi, beijando depois as tuas mãos, acariciando-as com o meu calor."
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